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Jornalista de Blumenau desde 1982. Nasceu em Rio do Oeste, onde exerceu com afinco as seguintes e importantes atividades:
- Embalador de balas de banana aos oito anos (embalava uma, comia duas. Passou mal. Ficou dois dias no emprego).
- Marceneiro na oficina do pai, José Tonet.
- Carpinteiro e pintor de paredes, tendo se especializado em envernizar móveis com pistola de pintura.
- Trabalhador braçal na olaria do tio José Pessatti, onde fazia pelotas e pequenas esculturas em barro molhado quando não tinha ninguém olhando.
- Lixador de tamancos na oficina do tio Emílio Pessatti.
- Empalhador de cadeiras na fábrica do tio Lírio Pessatti.
- Montador de tábuas de lavar roupas de madeira na fábrica do tio Emílio Pessatti.
- Carpidor autônomo contratado por empreitada. Acumulou grande experiência em capinar principalmente roças de milho e aipim.
- Auxilar de vidraceiro.
- Atuou em atividades de desmatamento ajudando na serraria do tio Armelino Pessatti.
- Foi sabotador de placas políticas e arrancador de cartazes de candidatos da Arena (Aliança Renovadora Nacional).
- Ladrão de melancia, tendo agido furtivamente durante a noite em diversas propriedades agrícolas da região.
- Ladrão de palmito, sendo pioneiro em perder uma espingarda de pressão ao esquecer em qual árvore a havia deixado durante roubo executado num sábado à tarde.
- Ladrão de uva, tendo agido primordialmente em quatro parreiras:
1) Parreiras das freiras no Colégio Pio XII.
2) Parreiras dos padres no Ginásio Alamano.
3) Parreira da Dona Vilma Tomazonni, terceira vizinha da esquerda (as mais gostosas).
4) Parreira do Alceste Berri, vizinho de cerca, também à esquerda (as mais fáceis de roubar). - Outros furtos executados com sucesso: laranjas, tangerinas, abacaxis, cana e amendoins. Tinha especial predileção por roubar espigas milho verde para cozinhar. A mãe sempre pensava que eram presente de alguém.
- Desenhista oficial de cartazes do Colégio Pio XII, dirigido pelas Irmãs Missionárias da Consolata. Esse trabalho voluntário foi exercido com maior ânimo e dedicação após a descoberta de que havia três exemplares da revista Ele Ela num dos armários da sala de Artes Manuais – local, aliás, dos mais apropriados para encontrar tal publicação.
- Entregador de panfletos do Supermercado Nardelli.
- Garçon de casamento, ocasiões em que trabalhava em troca de pão, churrasco, cerveja e, eventualmente, uma ou duas doses de Drury´s.
- Discotecário (o DJ de antigamente) na Kactus Discoteca, do Benito Ronchi, onde manejava com precisão dois toca-discos sem arranhar a agulha. Notabilizou-se por tocar sucessos de artistas como: Donna Sommer, Village People, Santa Esmeralda, Dee Dee Jackson, Giorgio Moroder, Bee Gees, Gen Gis Kan, Barry Withe, Gloria Gaynor, Abba, Roberta Kelly, Boney M., Silver Convention e Tina Charles.
- Para custear a Faculdade de Administração de Empresas em Rio do Sul, atuou como sub-auxiliar do almoxarifado do Hospital Cruzeiro, onde se tornou mestre na arte de apontar lápis com lâmina de bisturí, além de desenvolver grande habilidade no manejo do Kardex.
20 comentários
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11/09/2013 às 10:17 AM
Jorge
Prezado Tonet: juntando as nossas “habilidades” em subtrair o que era dos outros, nos tornaríamos a maior dupla e teríamos entrando para a história, mais que Ronald Biggs e sua turma.
17/12/2012 às 1:44 PM
Catarina Gewehr
Que currículo incrível! Lembrei muito de uma canção/clip do Sigur Rós: https://www.youtube.com/watch?v=4L_DQKCDgeM
Tristes os moços que envelhecem sem boas histórias para contar!
Teu currículo me fez pensar muito nisso! E a história das balas de banana é impagável! Muito boa!
04/11/2012 às 10:17 AM
Lombardi
O MEU GRANDE ROUBO.
Minha história sempre foi vivida num raio de 4 km.
Com algumas viagens, a grande maioria de carro, só perdi o medo de avião recentemente por obrigação profissional.
Quando era jovem tinha medo de “roubar”, me questionava o que faria uma pessoa ver a fruta ( abacate, mamão, amora, goiaba ) apodrecer no pé sem deixar a gente apanhar pra vender. Assim aprendi a negociar, dividindo o lucro com o “dono” conseguia apanhar e vender.
Quando consegui meu primeiro trabalho (armador de bolão no Ipiranga) logo percebi que a relação, muito esforço sem produção e pouco lucro, não me atraia.
Quando inaugurou o primeiro “super”mercado na Rua São Paulo logo aprendi o que era roubo de verdade, alguns espertinhos exibiam chocolates e outras guloseimas subtraídas do tal mercado.
Um belo dia os dois patos da turma (eu e um amigo) resolveram que não tinha nada de mais “pegar” um chocolatinho daqueles… fomos pegos na primeira vez, aliás, não se concretizou a primeira vez… fomos forçados a trabalhar por horas em troca do que levávamos e ainda nos tiraram, ou seja trabalhamos de graça.
Vc deve ter vivido a infância num mundo melhor que o meu, certamente as pessoas de sua vizinhança não queriam ver as frutas apodrecendo no pé.
04/07/2012 às 7:44 AM
Shen Ytsu
Como diria o post logo acima….CARACAS !! Se o teor é verossímil, tácitos são os motivos da profunda identificação do interior brasileiro ao molúsco pinguçeiro corruPTo…embora o perigo das generalizações, somos um povo leniente e permissivo,( e os comentários bem demonstram), e sob esta perspectiva deformada elegemos afins, como o big- daddy do Maranhão, o fernandinho do pó das Alagoas, o malufunesto em Sampa, e muitos outros ladrões do erário público.
02/05/2012 às 6:15 PM
Olivio Mario Miglioli Miglioli
Ola, caro amigo ”gatuno ladrão de melancias”. Lendo teu currículo me fez lembrar dos meus tempo de roça. Também sou filho de agricultor. fui criado na roça, e confesso que, por várias vezes também roubei; pêras, laranjas, melancia, maçã e galinhas e ovos. Gostava muito de ir nos finais de semana no Galpão de um vizinho chamado velho Nunelli. Ele tinha várias caixas de abelhas, e colhia muito mel de abelha. Eu e meu irmão vamos no Galpão aos domingos, por que era o dia que toda a familia não se encontrava em casa, eles iam na missa dominical que ficava bem longe. Ele só voltava pra casa ai pelas 2 hora da tarde. E ai que eu e meu irmão mais velho, o Valdemiro entrava-mos no galpão e abrimos os tonéis de mel de abelha que estava cheio até a boca. Só sei que comemos tanto que saiamos com dor na barriga. Um dia me dei mal. Como eu já estava tão habituado a aprontar, um dia resolvi roubar uma galinha bem grande, do vizinho. E como não podia come-la crua, resolvi leva-la pra casa. Ao chegar em casa com a galinha, minha mãe perguntou-me, de onde é essa galinha?. Bem não tendo o que responder na hora, dice que havia rossado o pasto do vizinho e que, como paga lhe dera uma galinha. Minha mãe ficou desconfiada e dice, quando teu pai chegar ele vai ver se isto é verdade. Não deu outra, o pai chegando em casa a primeira fala foi que, olhe teu filho apareceu com uma galinha e dice-me que lhe deram como paga por serviço prestado, na roçada de pasto. Meu pai que, não era de brincadeira e bastava um olhar para que nós tremesse na base, chamou-me e perguntou onde eu havia ganho a galinha. Eu dice ao papai que o havia ganho por serviço prestado ao Sr. Feller. Meu pai dice-me; vai la pegue a galinha e vamos conversar com o Sr. Feller. E assim fomos, quando estamos perto de sua casa, eu chamei o pai e lhe dice, pai, eu não ganhei a galinha, eu a roubei. O meu pai que estava a minha frente, parou e virou de repente pra mim e olhou bem dentro dos meus olhos e dice-me, olhe só, o que vou fazer, tu vai comigo e vais entregar a galinha para o Sr. Feller, depois eu vou ver o que farei contigo. E assim ele procedeu. Ao chegar na casa do Sr. Feller, meu pai bateu palma e quem nos atendeu foi justamente ele, o Sr. Feller. Meu pai então pediu desculpa e dice; olhe, meu filho cometeu um erro, e eu vim aqui resolver o problema. Mas, então ele perguntou, o que foi!, ai eu respondi, roubei essa galinha e levei pra casa. O Sr. Feller então dice ao meu pai, não tem importância Sr. Francisco, é coisa de criança. Vai lá nos fundo e solta-na no galinheiro. Eu fui, já sabendo pela cara e olhar do meu pai que o negócio não iria ficar bem. Meu pai, mais uma vez pediu desculpa e pegou-me pelo braço e saímos de volta pra casa. Era mais ou menos uns 800 metros de nossa casa. Eu tremia mais que Tatu na toca. Ao chegar na estrada que da acesso a nossa casa, uns 600 metros. Meu pai tirou a cinta, mas não era qualquer cinto(a) era uma de couro de boi, com fivela de prata bem grande. Ele a dobrou a cinta e pegou pelo meio, deixando a ponta com a fivela pra me bater. Eu fui apanhado até em casa. Ao chegar em casa eu já estava pra desmaiar. Minha mãe veio ao encontro já no portão. Ai meu pai me dice, olhe aqui se sem vergonha, desta vez eu vou só dar um pequeno exemplo do que farei se tu só pensar em roubar novamente. Só sei que minha mãe teve que dar-me banho com agua com sal por varias vezes. Estava mais lanhado que cachorro mordido por coatí. Foi a ultima vez em toda minha vida que roubei. Foi sem dúvidas um grande aprendizado. Por isto eu digo sempre. O respeito, seriedade e carrater se obtém em casa. Nas escolas é pra se instrui e poder enfrentar o mundo dos negócios.
02/05/2012 às 6:49 PM
carlostonet
Muito bacana a sua história. Confesso que a sua surra doeu em mim. Em qual cidade foi isso?
Meu pai nunca me bateu, por que essa coisa de roubar melancia e frutas era uma coisa cultural. Era comum os vizinhos pularem uma cerca para “roubar” alguma fruta, sempre à luz do dia, porém, sempre deveria ser feito com alguém que se desse bem com você. De certo modo era uma maneira de demonstrar uma certa intimidade. Aliás, o vizinho que pegasse o outro em seu quintal na cara dura devia sentir-se lisonjeado…Assim como roubávamos uvas do Alceste, ele não se fazia de rogado e vinha comer nossas pitangas sem permissão, já que ele não tinha essa fruta em casa…
E o meu pai, quando ficava com vontade de chupar cana, me mandava ir na roça de algum vizinho… “Se o fulano aparecer, diz pra ele que fui eu que te mandei lá”.
Além disso, meu pai e seus muitos irmãos foram criados na roça a aprontavam essas coisas sempre, então pra ele era uma coisa normal. Se fosse o caso, ele pagaria pelo furto se alguém reclamasse…
Nunca roubei galinha, pois daria muito trabalho, e minha mãe dizia que não se devia roubar galinhas porque as pessoas ficariam sem os ovos e seria muita sacanagem…
Sinceramente, gostaria de ter tido a oportunidade de roubar mel, mas nunca tive essa chance…
15/01/2012 às 7:55 AM
Cristiano Escobar
Tonet, quantos tios você tem????
15/01/2012 às 11:01 AM
carlostonet
Cris, eu tenho quatro tios em Rio do Oeste. Trabalhei para todos. Pro tio José na olaria. Pro tio Armelino na serraria. Pro tio Lírio empalhando cadeira. Pro tio Emílio lixando tamancos de madeira.
06/11/2011 às 10:13 PM
Sheba
… meu caro Tonet… uma pena que sua autobiografia não tenha sido escrita em nosso “talian”… dava pra rir muuuuuito…. aliás… pra quem veio da roça (me incluo nesta), é raro quem não teve ou viveu o que vc relatou…. e diga-se, uma grata felicidade dos que tiveram a oportunidade…. eta saudade daqueles tempos…. valeu, forte abraço a vc….
+1
17/05/2011 às 9:42 AM
janoriller
… meu caro Tonet… uma pena que sua autobiografia não tenha sido escrita em nosso “talian”… dava pra rir muuuuuito…. aliás… pra quem veio da roça (me incluo nesta), é raro quem não teve ou viveu o que vc relatou…. e diga-se, uma grata felicidade dos que tiveram a oportunidade…. eta saudade daqueles tempos…. valeu, forte abraço a vc….
05/03/2011 às 10:00 PM
wilschlei
não tem graça quem foi roubado, a menos que isso é so uma brincadeira.
05/01/2011 às 8:42 PM
Ednilson
Tonet, tens um belo curriculum de ladrão mas, sinto dizer-lhe, perto de nossos deputados e senadores, és extremamente amador.
Vai te aperfeiçoando… quem sabe não acabo tendo que votar em ti para alguma coisa ?
Abraço !
05/01/2011 às 7:19 PM
Cícero Nogueira Neto
“Lixador de tamancos” e “ladrão de uvas” são as melhores.
kkkk
15/10/2010 às 5:16 PM
Marcelo Conzatti
Olá, vou deixar um comentário. O sr Alceste Berri é meu tio, pesquisei pelo nome dele e encontrei seu blog. Um abraço!
Marcelo Conzatti (Blumenau).
15/10/2010 às 5:41 PM
carlostonet
Ok, mas espero que você não conte pra ele que eu roubava uvas da casa dele. Aliás, eu roubava laranjas e tangerina também.
Abraço,
Tonet
19/08/2010 às 11:36 AM
Michel Imme Sabbagh
Hilário.hehehehe. nao duvido que seja verdade. todo mundo lança livro, cadê o seu, com suas charges do Santa? pode reservar meu exemplar.
10/08/2010 às 1:20 AM
VLADÍMIRFRANCISCOTOMAZONI(O'POETA)
“CARO PUPO”
GENIAL; ESTAS FAÇANHAS D’OUTROS TEMPOS…
VLADÍMIRFRANCISCOTOMAZONI(O’POETA)
11/06/2010 às 5:05 PM
Oto Muller
CARACAS! tu tá de brincadeira. – Nunca vi nem ouvi tais experiências mensionadas em um curriculo.
Tiro o meu chapéu para sua capacidade irreverente de descrever sua história profissional com tamanho esmero.
Devo ter bem mais idade que você, e claro, me identifiquei com cada palavra sua nessa magnífica descrição de experiências profissionais.
Ainda estou extasiado!…
02/06/2010 às 12:01 PM
Mari
“Lixador de tamancos na oficina do tio Emílio Pessatti”
Eis a frase que chamou minha atenção em uma pesquisa na internet… O que encontro? O blog do parente falando do papai, hehehe
Muito bacana teu espaço, parabens da prima Marilei Pessatti
30/05/2010 às 1:04 AM
Valtinho
Começo de vida: trabalhou nas empresas de todos os tios disponíveis. Em outras palavras, começou como nepote. Vai ver, até inventou o nepotismo, além da profissão de entregador de panfletos, hoje largamente exercida na rua XV.